quinta-feira, 12 de abril de 2012

«Canto de Mim Mesmo»


Em mim vivem as vozes há muito tempo emudecidas,
Vozes de intermináveis gerações de prisioneiros e escravos,
Vozes de doentes e desesperados, de ladrões e anões, 
Vozes de ciclos de gestação e crescimento,
E dos fios que ligam as estrelas, e dos úteros e da seiva paternal,
E dos direitos dos ofendidos,
Dos disformes, triviais, simples, idiotas, desprezados,
Névoa no ar, escaravelhos que fazem rolar bolas de excrementos.

[Excerto do canto XXIV]

«Walt Whitman nasceu em Long Island, New York, em 1819 e morreu em Camden, New Jersey, em 1892.
Autodidacta, aprendiz de tipografia, discreto jornalista entre outros vários insucessos e enfermeiro na guerra da Secessão, assistiu ao veloz crescimento americano, foi intérprete e cantor dessa epopeia de contradições, dessa realidade real de que tanto alimentou a sua poesia — poesia também do corpo e do desejo, desafio, exaltação. […]
Ambígua, forte, geradora de inovadores ritmos e energias, a sua poesia foi razão de acesas polémicas, cujos ecos se foram extinguindo pouco a pouco, permitindo enfim o reconhecimento de quanto para os EUA, e não só, representou tão generoso canto.»

José Agostinho Baptista, in Prefácio de Cálamo.

Walt Whitman
CANTO DE MIM MESMO

Tradução de José Agostinho Baptista

Colecção BI 045 | PVP: 5 euros

1 comentário:

  1. Foi um dos primeiros livros que dele li.Depois comprei a poesia completa-Folhas de erva

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